É interessante pensar nas fantasias que circundam a experiência da psicoterapia. Não é incomum que o nosso trabalho seja visto com certa desconfiança. Sem falar nas preocupações que se manifestam antes, durante e após a sessão: “será que ela estava mesmo me escutando? Eu falei tanta coisa!”, “ai, eu falei demais, da próxima vez eu vou falar menos”, “eu vou pagar para alguém ficar lá me escutando?”.

A escuta, por vezes, é uma experiência inédita para o sujeito. Não à toa, ouvimos seu desabafo sincero quando denuncia que nunca conseguiu falar de assunto X com alguém. Ou suas frustrações de não ter encontrado em amigos ou familiares a escuta de que tanto precisava. Isso não acontece por mal. Escutar dá muito trabalho mesmo.

Mas de que escuta estamos falando quando falamos da escuta do profissional da psicologia?

Estamos falando, sobretudo, de uma escuta qualificada. Que também pode ter função diagnóstica.

Uma escuta que se forma e se transforma por toda a vida. Que se aperfeiçoa com estudo formal (cursos e mais cursos), com os livros, com a experiência e também com a terapia ou análise pessoal (sim, galera, psicólogos também buscam psicólogos, analistas e demais profissionais da saúde mental).

Existe um investimento constante para aprimorar essa escuta. Esta que parece tão fácil, tão disponível (“meus amigos sempre vem pedir conselhos para mim. Eu sou a “psicóloga” do grupo”) é forjada a partir de muito trabalho. É de muito afeto também. Afinal, a experiência de colocar-se disponível para o encontro com o paciente também pode nos custar. E muito.

Esse é o cerne do nosso trabalho. E eu posso te dizer, com certeza, tudo que você tem para dizer é importante. Não economize suas palavras. O setting terapêutico é seu. E nós estaremos ao seu lado para te acompanhar.